Realidade da vacinação é tema de live da presidenta Ana Affonso

Realidade da vacinação é tema de live da presidenta Ana Affonso

Na noite desta quarta-feira, dia 14, o mandato da presidenta da Câmara, vereadora Ana Affonso, realizou a live “Covid-19: a realidade sobre a vacinação no RS e os desafios nos municípios”, com a participação do médico e deputado estadual, Pepe Vargas, presidente da Comissão de Representação Externa com vista a acompanhar o processo de planejamento e execução das ações que visam à imunização contra o coronavírus na população do Estado do RS - RCR 01/2021, e do secretário Municipal da Saúde, Marcel Frison.

Ana Affonso reforçou a importância de debater a crise sanitária, econômica, política e humanitária que o Brasil enfrenta. “É uma grande expectativa da nossa sociedade, da comunidade, o tema da vacina. E para as pessoas compreenderem os desafios que nós estamos vivendo, além de todo o negacionismo e o atraso da pauta nacional com relação à vacina, nós temos também os reflexos, aqui, da ação ou omissão do governo do estado”, destacou na abertura da live.

Pepe Vargas apresentou o resultado dos trabalhos da Comissão, que foram finalizados no dia 27 de março, trazendo um panorama amplo sobre os contratos e acordos com fornecedores, a situação das tratativas com o Ministério da Saúde, os desafios com a imunização no estado e as recomendações para ampliar o processo de vacinação no RS. O deputado abordou o descaso do governo federal com o tema e a negligência na aquisição das vacinas, por muito tempo, negando propostas de empresas farmacêuticas produtoras, o que resultou no atraso do país no processo de imunização.

“Todas as vacinas, até o presente momento, autorizadas pela Anvisa, têm pré-acordos e contratos para fornecimento ao Ministério da Saúde. Então, eles só poderão oferecer para estados e municípios que queiram comprar depois de cumprirem seus contratos com o governo federal. Isso significa que, até o final deste ano, é pouco provável que qualquer um desses fornecedores possa oferecer qualquer quantitativo de vacinas para estados e municípios. Esse é um problema grave!”, explicou.

Ainda, explicou a situação internacional, que tem sido denunciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com a corrida pela vacina e a reserva de mercado pela apropriação de 70% da capacidade de produção das vacinas pelos países ricos, o que tem dificultado o acesso às doses pelos demais países, em especial, aqueles que não tinham se organizado previamente, como no caso do Brasil.

O deputado comentou que o RS vacina 14 mil pessoas por dia. Se o estado seguir nesse ritmo, vai levar de um a seis meses para imunizar 70% da população gaúcha. O que significa um processo muito lento, com graves consequências, como surgirem novas variantes de forma descontrolada, ocasionando ainda mais mortes. No decorrer da live, os participantes reforçaram diversas vezes a responsabilidade de Bolsonaro e Leite na realidade que o país e o estado enfrentam, com aumento de casos e óbitos.

A Comissão propôs recomendações ao governo do RS, como o apoio aos esforços de prefeitos que estão se articulando em consórcios para a aquisição de vacinas, e as orientações quanto à necessidade de reforçar as medidas sanitárias, para que as pessoas mantenham os cuidados, evitando o contágio do coronavírus enquanto não acontece a vacinação em massa. Ainda, destacou a urgência de os governos federal e estadual garantirem o suporte econômico para a população mais vulnerável e para micro e pequenos empreendimentos.

Na sequência, o secretário Marcel relatou a situação em São Leopoldo, mencionando a dificuldade em lidar com a falta de organização dos governos federal e estadual no envio das doses, e os impactos disso no processo de vacinação e, inclusive, na comunicação e divulgação desses encaminhamentos para a sociedade. Conforme explicou, a Secretaria tem feito o que é possível para atender bem a comunidade, mas só fica sabendo um dia antes o quantitativo e as informações sobre as remessas que estão chegando, o que prejudica a atuação do município na imunização da população. 

“O momento mais crítico da nossa história, é talvez a coisa mais atrapalhada, mais desorganizada, mais irresponsável que se possa imaginar, é como está sendo tratada essa questão da vacinação da Covid”, comentou o secretario, criticando a postura do governo federal no enfrentamento à pandemia.

Marcel também falou sobre a escassez de materiais, como seringas, que o município está precisando comprar para garantir que, quando chegarem mais doses, São Leopoldo possa vacinar a população, caso não receba os insumos dos governos federal e estadual. Ainda, alertou para a gravidade das novas variantes, a mudança do perfil dos grupos e o impacto das sequelas que ficam nas pessoas contaminadas, reforçando os cuidados e precauções necessárias com a Covid-19 e a importância de seguir as orientações dos profissionais e dos órgãos de saúde. “É uma situação desesperadora!”, desabafou.

A presidenta da Câmara, vereadora Ana Affonso, destacou a luta do Movimento Vacina Já RS, o modo como se ampliou pelo estado, com representações dos poderes Executivo e Legislativo, e diversas representações da sociedade civil. "Estamos em luta a partir da pauta da vacina, que é uma pauta que unifica a sociedade, mas também em luta pelo alimento e a renda básica. E essa tem sido a maior demanda da população, lutarmos para ver se conseguimos mudar essa dinâmica de uma política de morte", enfatizou apresentando as ações do Movimento para fortalecer a mobilização e pressionar as autoridades por saídas para a crise gerada pela pandemia. "Queremos vacina para toda a população, comida e renda para quem mais precisa".

 

Confira aqui o relatório final da Comissão de Representação Externa com vista a acompanhar o processo de planejamento e execução das ações que visam à imunização contra o coronavírus na população do Estado do RS - RCR 01/2021.