Audiência sobre barco-escola Peixe Dourado escancara falhas e reforça necessidade de apuração, afirma vereador Daniel Daudt

Audiência sobre barco-escola Peixe Dourado escancara falhas e reforça necessidade de apuração, afirma vereador Daniel Daudt

A viabilidade do projeto e os contratos do barco-escola Peixe Dourado, em São Leopoldo, foram tema de uma audiência pública realizada nesta quinta-feira (30), às 10h, no plenário da Câmara de Vereadores. Proposta pelo vereador e líder do governo Daniel Daudt (PL), a reunião contou com ampla participação de autoridades, técnicos, representantes do Executivo e da comunidade.

Durante o encontro, foram detalhados os valores investidos no projeto, que já somam mais de R$ 8,9 milhões, incluindo financiamento e contratos emergenciais. O custo mensal de operação do barco chega a R$ 80 mil, o que reforçou os questionamentos sobre a sustentabilidade financeira do projeto.

Para o vereador Daniel Daudt, a iniciativa de construir um barco voltado à educação ambiental tem mérito, mas erros de planejamento e falhas técnicas comprometem seu funcionamento. “A ideia do projeto é boa. Mas estamos lidando com um barco que, da forma como foi construído, não navega em 70% do ano. Isso precisa ser explicado. Precisamos de soluções, não de um elefante branco ancorado às margens do Rio dos Sinos”, afirmou o parlamentar.

Diante das inconsistências reveladas durante a audiência, o líder da bancada do PL, vereador Alexandre Silva, propôs a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os contratos e licitações vinculados ao Peixe Dourado. Daudt apoiou o encaminhamento e reforçou a importância da apuração rigorosa. “O dinheiro público tem valor. Essa audiência não busca culpados, mas transparência e encaminhamentos viáveis para o futuro da embarcação”, completou.

Participaram da audiência os secretários municipais Cláudia Costa (Meio Ambiente), Roberto Calazans (Fazenda) e Rafael de Almeida (Compras e Licitações), além do engenheiro Felipe Vier Loss, responsável pelo projeto do barco, que participou por videoconferência. Técnicos esclareceram aspectos da construção e revelaram que o barco teve sua estrutura alterada sem aval do projetista, com o uso de 4,5 toneladas adicionais de alumínio — o que pode ter comprometido a navegabilidade.
Também foi discutida a dificuldade de operação do barco: o nível do Rio dos Sinos é insuficiente para a navegação durante grande parte do ano, e o custo com a tripulação — obrigatória por normas da Marinha — torna o projeto oneroso e de difícil manutenção.

A secretária Cláudia Costa revelou que o barco está atracado em frente ao Museu do Rio sob vigilância, mas sem operar. “Precisamos discutir alternativas. Um leilão, a construção de um barco menor, ou outras formas de uso, como sala de aula flutuante, devem ser debatidas com a população”, disse.

Como encaminhamento, ficou definido que uma nova audiência pública será realizada em até 30 dias, com foco na função socioambiental do barco e em possíveis alternativas de uso. O vereador Daniel Daudt destacou que esse é apenas o início de uma apuração mais ampla: “A sociedade precisa de respostas. E o nosso papel aqui é garantir que elas venham de forma clara, técnica e responsável.”

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